EU DIANTE DA AUSÊNCIA DE UMA IMPLEMENTAÇÃO CONSEQUENTE DA EDUCAÇÃO MUSICAL NAS ESCOLAS.

Eu agito coisas; na música, produzo, aprendo e gosto de trabalhar muito. Meu estar no mundo acaba por definir a música que produzo. Esse estar no mundo é o que quero fazer com o que a vida faz comigo. Gosto da vida mas o mundo me faz querer que tudo seja diferente. Queria que tudo fosse diferente. Isso me impele a agir mas não quero que ninguém seja como eu, assim como não quero de ninguém que faça o que faço ou o que digo, nem quero ser igual a ninguém… Venho apresentando um comunicado sobre a ausência da implementação da educação musical no país, com um relato do que a sociedade civil está fazendo a respeito. Em um sentido, é um comunicado de derrota de um movimento, pelo qual venho, sem titubear por um só momento, buscando levar à frente com todas as minhas forças desde 2006. Foram muitas as vezes em que vim aqui comunicar as vitórias colhidas. É em res

peito a todos que venho comunicar as derrotas, quando estas nos colhem. Não me surpreendo quando a voz geral a redor é de pessimismo e de profundo descrédito dos movimentos sociais. É o previsível, o esperado. É o senso comum. Pra mim é aquele que projeta o mundo interno de cada um sobre o espaço vazio daquilo que não vê. É o julgamento do outro. E no entanto, não faltam razões para isso. O cotidiano, desde sempre, e por sobre a trajetória de tantos, não conduz a nenhuma saída. Vivemos em um mundo com um sistema de cotas para tudo, ancorado e legitimado na práxis diária, numa lógica que nunca toca o nosso estranhamento. Mas não me sinto sozinho. Não estou. São muitos os que vêm trabalhando pelas mesmas coisas, em uma mesma direção. Não dizemos que o nosso caminho é o certo, portanto calem a boca em dizer que o nosso é errado. Não me admira ouvir de milhares de bocas, todo o tempo, palavras de desencorajamento diante toda ação que subverte e que quer transgredir, num momento de derrota. Isso não quer dizer que não quero ouvir o que as pessoas têm a me dizer. Saramago disse e não quero esquecer jamais, que “o mau das vitórias é que elas não são definitivas. O bom das derrotas é que elas também não são definitivas”. A arte e o palco que me interessa é aquela e aquele que cria e se cria num espaço de transgressão. Porque quero que as coisas sejam diferentes e eu preciso falar disso. Não sou um cara que quer viver no caminho certo. Nunca saberei o que é certo. É só o meu caminho e não estou te dizendo que vc deve vir pelo mesmo caminho. Nos encontra(re)mos em todos os pontos de contato entre nossa estrada. E será um prazer ouvir de você, boas novas que vieram de tuas escolhas. E prantear aqueles lutadores que tombaram e tudo o que a vida suprimiu, em seu rodar infindo. Aqueles que apenas me encontram para apenas dizer que estou errado, não percam seu tempo comigo. Calem a boca.

Uma resposta em “EU DIANTE DA AUSÊNCIA DE UMA IMPLEMENTAÇÃO CONSEQUENTE DA EDUCAÇÃO MUSICAL NAS ESCOLAS.

  1. Haverá música nas escolas, é lei. O Conservatório de música onde trabalhei até abril desse ano, ministra treinamento a professores de educação atísitica. A questão é essa: Como será a aula de música? Quem o fará? O governo não quer investir. Nos meus 45 anos de sala de aula, nunca vi um professor de Português dar aula de matemática, a não ser não ser nos primeiros anos básicos. Quem faz educação artística habilita em uma determinada linguagem.As outras são conteúdos de abordagem.Sei que é preciso começar, masas ações são sempre às avessas. Agoras é gritar para que não se faça um estrago em algo que já é tão comprometido pela mídia, música de consumo de qualidade na maioria das vezes, questionável.

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