A ESPERADA CHEGADA DO TRATOR CULTURAL

Finalmente os olhos parecem se voltar para a cultura. Há notícias de uma reforma. Auguremos para que os acertos venham em direção aos anseios das classes carentes de apoio para seus projetos de caráter condizente às artes que traduzam a retomada de nosso processo histórico. Aquele, que perioriza o talento de uma criatividade voltada aos questionamentos mais profundos de nossa realidade, em todos os níveis, do mais popular ao mais erudito, abdicando das formas comerciais que transformam conteúdos em reles produtos de consumo, enriquecendo falsos artistas, oportunistas de plantão e entidades supostamente voltadas ao entretenimento. Jogado à escanteio, o aglomerado de obras e artistas bem intencionados, acumulados ditatorialmente durante todo o tempo de abandono, por si só, ja bastaria para ocupar os espaços à retomada de um novo tempo. Os arquivos do esquecimento transbordam de obras primas para retomarem as telas com filmes preciosos, os palcos com espetáculos e peças arrebatadoras, concertos e formas musicais populares renovadoras, etc. etc. a significar um renascimento cultural que haverá de ficar na memória. Nossa e de outros povos. Já demos o exemplo de nosso poder criativo, e já é hora de retoma-lo para rejuntarmos os elos rompidos pela vilania dos que torcem pela dispersão de nossa alma. Que isto não signifique apenas um boato ou falsa promessa para retardar o processo de um renascimento que explodirá de uma ou de outra forma, à revelia das imposições do retrocesso imposto à nossa nação, cuja alma continua encoberta por negro manto sobre seu espelho. Que seja pelos caminhos normais como se anuncia. Ou será, mais dia, menos dia. Não dá mais para se suportar longas esperas. O que apodreceu, já está fedendo. Que os deletérios se cuidem. Artistas, afinem suas vozes, seus instrumentos, porque está com cara de fim de ciclo, e está vindo por aí, um trator.

6 respostas em “A ESPERADA CHEGADA DO TRATOR CULTURAL

  1. Sim, mestre, vamos reunir os que pensam no coletivo para discutirmos como colocar em ação as políticas públicas para a música que já foram encaminhadas há anos ao Ministério da Cultura. Esse ministério tem que ser do artista profissional também e não só da cultura como bem simbólico. Precisamos comer!!

    • Exatamente, Ana Terra. A visão de cultura como bem simbólico já é uma realidade indiscutível. Agora chegou a hora de se trabalhar pela arte e seu criador; pelo respeito do profissional que cria, que enriquece nossa cultura e que também precisa comer e ter o necessário para poder continuar a dedicar-se a sua criação artística responsável pela riqueza cultural real de nosso país.

  2. Mestre Sérgio Ricardo, sua sabedoria traz-nos a esperança de um renascer de nossa arte;
    de dias melhores para o artista nacional e de espaço para que tanta gente boa, que ainda não conseguiu ver a luz, surja para o grande público e venha enriquecer nosso panorama artístico.

  3. ENVIADO POR CARLOS HENRIQUE MACHADO FREITAS :

    “O Estado reconhece que cultura não é produto, é processo. Não se trata mais da peça de teatro, do livro ou do disco, mas de seus processos de elaboração – Este modelo do gênio, da estrela, do pop star está esgotado”.(Ivana Bentes – SCDC/MinC)

    Querido Sergio Ricardo, ao mesmo tempo que suas palavras revigoram nossa alma, como você pode observar, as palavras da secretária da pasta mais estratégica do MinC, soam angustiante. Se o novo MinC impuser esse diagnóstico para a criação brasileira como indica que imporá, faltará uma ponte entre o apelo das artes e os artistas com o Ministério da Cultura do Brasil. A abrangência intelectual da secretária da SCDC/MinC, move-se para outra direção com sentido diametralmente oposto a urgente falta de uma ponte entre a arte brasileira e seu maior órgão gestor. Na verdade, a fala da secretária entra em um clima de colisão com a criação artística brasileira. Por isso, ou sobretudo por isso, o nosso trator terá que ter motor próprio.
    Um grande e afetuoso abraço!
    Fim da conversa no bate-papo

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